sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

TEMOS DE IR

Temos de ir disse-nos a Lua – hoje despida de qualquer sombra e nua no seu esplendor – que as horas da noite irão ser empolgantes para os amantes vadios da luz de ruas desertas de falsidades e repletas de encontros de paixões vagabundas.



Há o fresco frio nas brisas do ar que não incomodam o latejar do sangue que bebe no calor de olhos e mãos próximas o incentivo para continuar.
A voz da rua chama muito em silêncio descomprometido, como sussurros de mulher apaixonada, quase sem sons mas intensos cá dentro.
A noite está tão clara que embriaga os sentidos e o ruído dos passos ecoam ao longe, os meus, os dela, e os dos espectros dos sonhos que se passeiam livremente.


O mar no seu cheiro e cantar, agora tão manso como o respirar dos brilhos das estrelas que nos acompanham, fazem sentir-nos tão imensos como o horizonte infinito que nos entra pelos olhos brilhantes que tudo querem tocar.
E soltamos sorrisos em beijos demorados que auguram desejos e vontades que sabemos vão ser cumpridos… e à volta gira o mundo num carrossel invisível que é o nosso leito de suor e sangue a pulsar.


Os passos soltos levam-nos aos mesmos sítios de ontem e hoje… lembrar a magia de loucuras e devaneios que ainda são os de hoje, são deleite saudável para repetir sempre… as marcas estão bem vincadas em nós e nestas pedras que sabem segredos incontáveis – lembras-te de andarmos nus em noites errantes nestes rochedos que entram mar adentro?


Embrulhada nos meus braços ia apontando para os desenhos da água, contando o que via nas ondas que no seu brincar formam visões surreais tamanhas que alimentam o imaginário livre… em elos febris no momento que nos fazem sentir bem no fantasmagórico que a noite proporciona


No ondular das ondas serenas há espuma que parecem folhas de papel que se espalham no areal… fomos ver e não tinham nada, são folhas de água em branco para escrever…
E escrevemos nas folhas da areia…”Viver e sonhar e voar é um jogo astuto e malandro… é intenso e desvairado… são altos e baixos de planícies, vales, montanhas que guardam e recriam o que temos dentro de nós… as nossas entranhas têm o saber das emoções e sentimentos em memórias que nem sempre são claras e percetíveis… só o uso diário as faz emergir”.


E em cantos de sombras de rochedos que a felicidade em nossas entregas de ontem, hoje, foi intensamente vivida… voltamos a derramar o nosso gostar e prazer.
Não nos esperem hoje à noite, amanhã voltaremos cheios de abraços do mar.